O titulo parece confuso e nada enquadrado com a temática deste blog, mas bem vistas as coisas existem muito mais semelhanças do que numa apreciação inicial pode aparecer.
A nossa sociedade ainda vem arrastada na nebulosa de um cometa que passou fundamentalmente nas décadas de 70, 80 e 90 e que lançava uma espécie de boa-nova associada ao desenvolvimento comercial e tecnológico. Décadas estas envolveram todos no facilitismo urbano e consumista. A disseminação de ideias e produtos associados a esta nova forma de estar foi de tal maneira galopante que as pessoas não pararam para reflectir, efectivamente, sobre as consequências de tais práticas. O marketing desenfreado associada à comercialização de determinados produtos pouco interesse demonstrou pela qualidade de saúde ou bem-estar, visaram apenas o lucro fácil das empresas associadas. E as pessoas, como que embaladas num canto de sereia embarcaram em práticas altamente prejudiciais da sua saúde e na sua qualidade de vida.
Hoje, fruto de correntes contra-maré e fruto de uma intervenção social mais consciente de organismos e grupos cívicos, tem havido um despertar de consciências, tímido ainda, é certo, mas tem havido, no sentido de se corrigirem estes comportamentos desajustados. Contributos como os filmes "Super size Me", "uma verdade inconveniente" e mais recentemente "11ª hour", tem sido, hoje, verdadeiras pedradas no charco e que não deixam ninguém indiferente. E à conta de contributos como estes, muitos e muitos comportamentos tem sido alterados, certo que ainda não são suficientes, mas a onda começa a formar.
Relativamente ao parto, também, e seguindo esta corrente social, sofreu, fundamentalmente durante as três décadas atrás referidas um marketing desenfreado, no sentido de se fazer acreditar nos benefícios da centralização do parto em unidades polivalentes mas descaracterizadas e insenssiveis às necessidades pessoais, sociais e culturais, acreditar ainda nos benefícios da droga e medicamento como que num estalar de dedo se conseguisse modificar os estares que um evento natural como o parto induz na mulher e também nos benefícios da máquina como ente supremo de controle e vigilância, tão ao jeito da ideia transmitida pelo filme "matrix".
Práticas que foram desenvolvidas em associação ao parto, sofrem por inerência os efeitos do marketing, mas potenciam as eventuais consequências a quem deles usufrui, refiro-me à epidural e à indução desnecessária. Como qualquer molho desenvolvido para aguçar o apetite de um hamburguer, também as práticas obstetricas referidas, se desenvolvem ao ritmo de um falso bem-estar associado ao parto. Assim, se em relação ao molho as consequências em relação às taxas de colesterol, problemas cardíacos e vasculares e obesidade só mais tarde é que se conhece a verdadeira dimensão da implicação na saúde, também com estas práticas só mais tarde, cada mulher, fica a saber das verdadeiras consequências, por exemplo as lacerações vaginais pela utilização de forceps e ventosas, queloides fruto de episiotomias extensas e profundas, fistulas vaginais, problemas vesicais e rectais entre outros.
Assim como acontece com a realidade ambiental, não estará também na altura de repensar as nossas práticas, comportamentos e atitudes, olhando para o facilitismo e consumismo de forma critica e conscienciosa? Não está na altura de se controlar esta entrega desresponsavel às leis do bisturi, tesoura e medicamento? Não está na altura de se parar e desenvolver uma consciencialização sobre práticas instituídas? Não está na altura de se ter uma consciência critica? Eu penso que sim e por isso esta tentativa de dar contributos para que tal aconteça.
Dá que pensar, não dá?
3 comentários:
Achei o máximo a analogia. Muito criativa.
Continue a "postar".
Fico à espera do próximo texto.
Bj
é sempre um prazer ler as suas palavras... infelizmente, hoje em dia tudo passa pelo marketing... mas julgo que isso também está a mudar aos poucos! esperemos que em breve possamos ter em Portugal as condições tão desejadas...
Bjs
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